Biografia da Senhora Luiza Gaiotto Corradi, nossa Patrona.

            Conta-se na biografia da Senhora Luiza Gaiotto Corradi que ela foi uma mulher de notável garra, determinação, força, vontade e alegria de viver.

            Conhecida por todos como D. Eliza Corradi, nasceu em Cerquilho aos 03 de setembro de 1916, sendo primeira neta de Giovani Gaiotto, um dos fundadores de Cerquilho e primeira filha dos saudosos Francisco Gaiotto e Maria Foltran Gaiotto.

            Nos primeiros anos de sua infância, morou no sítio próximo à Fazenda Indalécio, onde ficava o antigo casarão dos Gaiotto.

            Aos 7 anos, mudou-se para a cidade de cerquilho, porque seu pai havia adquirido uma máquina de beneficiar café do Senhor Afonso de Camargo.

            Aos 8 anos entrou para a escola, onde foi aluna do saudoso     Professor 

Luís Pereira.

            Ao terminar a 4ª série do Curso Primário, algumas amigas de classe foram para Tietê continuar seus estudos. O sonho de Eliza era ser Professora, mas infelizmente ela não pode ver seu sonho realizado porque a máquina de café prosperava, e como filha mais velha precisava ajudar seu pai. Era ela quem fazia toda a escrituração necessária para embarcar as sacas de café para o Porto de Santos, de onde era exportado.

            Não conseguiu ser “Professora das Letras”, mas foi uma mestra na arte da costura. Fez um curso com sua prima Maria Brovini que era uma modista famosa em São Paulo. Em Cerquilho abriu um curso onde dezenas de alunas aprenderam  os segredos de uma costura de mestre e se tornaram excelentes costureiras e puderam aumentar a renda com esse digno ofício.

            Em 1937 casou-se com José Orestes Corradi com quem teve cinco filhos. Neylla (falecida com apenas 1 ano de vida), Maria Neila, Maria Elisa, José Orestes Júnior e Roberto Constantino. Formou-se uma grande família, genros, noras, 13 netos e 13 bisnetos.

            José Orestes Corradi, mais conhecido como Nenzinho, foi um dos políticos mais importantes e influentes da história do nosso município. Com sua esposa D. Eliza, sempre companheira e solidária, destacou-se em muitos movimentos sociais e políticos. Na assistência aos mais necessitados, havia sempre a palavra amiga, mais generosa e acolhedora, a atenção e o respeito que cabe a todo ser humano. Ajudou muito a população carente, sendo lembrada por muitos, até hoje,  como a “mãe dos pobres”. Organizava campanhas de inverno, enxovalzinho para gestantes, natal das crianças, campanha do leite, tudo sem nenhum recurso do Governo Estadual.

            Nos eventos sociais e políticos representava com grande destaque a mulher cerquilhense. Na época em que Nenzinho era prefeito, sua residência se transformava numa “segunda prefeitura”. Ali, ela recebia políticos e autoridades para almoços, reuniões, e os elogios pela sua organização em receber convidados eram unânimes. Sabia, como poucos, preparar uma recepção pra quem quer que fosse. Recebia com o mesmo carinho desde Governadores de Estado até o mais simples e humilde cerquilhense.

            Em 1980 Nenzinho faleceu. Não agüentando a saudade e a falta do querido companheiro, mudou-se para a vizinha Tatuí onde já residiam seus filhos Maria Elisa e Roberto.

            Sempre acreditando na força da vida, fez dessa nova fase uma nova e vibrante história. Ingressou no Rotary Clube Nascer do Sol. Fez inúmeros amigos, participando ativamente de muitas campanhas sociais. Em 2000 recebeu o título de “Cidadã Tatuiana” conferido pela Câmara Municipal de Tatuí com aprovação unânime dos vereadores locais.

            No final de fevereiro de 2006, aos 89 anos contraiu uma pneumonia. Hospitalizada, seu estado de saúde piorou e veio a falecer em sua residência, cercada do carinho de amigos e familiares, na manhã de 02 de abril. No dia 03 de abril, feriado municipal em Cerquilho, seu enterro foi realizado às nove horas da manhã no Cemitério Municipal, enquanto a população comemorava com u m belo desfile cívico, os 57 anos de emancipação do município, luta em que ela também teve grande participação.

            Podem parecer contraditórios os momentos de dor e alegria que a cidade viveu na manhã deste 03 de abril. Mas, quem conheceu D. Eliza sabe que essa foi uma grande homenagem preparada pela Providência Divina. Porque sua energia, alegria de viver, generosidade, otimismo e alto astral serão lembrados para sempre como uma bênção para Cerquilho e para quem teve o privilégio de ter convivido e recebido ensinamentos dessa mulher tão rara e tão cheia de luz.